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22 de maio de 2016

AGONIA DE UMA ÁRVORE

No dia 21 de janeiro 2016 eu fui fotografada nua, morta, seca, disforme com a aparência da morte, nenhum pássaro ousava pousar nos meus galhos, pois eles não tinha vida.
Os insetos eram poucos que se aventuravam a vasculhar meu tronco e galhos, talvez alguns cupins, porque nada havia ali, flores com néctar para as abelhas, borboletas, nada.
Os homens passavam por mim sem me ver ou ficar sob minha sombra, também não existia mais. Eles me ignoravam e por vezes me temiam, a noite minhas silhuetas representavam algo tenebroso e durante o dia o perigo que um dos meus galhos desabassem sobre eles e os ferissem. 
Mas nunca faria isso, enquanto tinha vida, folhas, flores minha alegria é dar-lhes sombra e protege-los do calor e criar o oxigênio, livra-los do dióxido de carbono para que eles sobrevivam e continuem a respirar. 
Vejam como estou agora, abandonada e expondo a feiura da morte, aqui inerte apenas sustentada pelo esqueleto podre que antes teve diversas utilidades para tantas espécies de vida. Não sei a causa da minha morte, ainda era jovem, ainda era forte e resistente a falta de chuvas frequente, talvez alguma doença, um fungo, sabe-se lá...
O certo que estou aqui morta e indiferente aos olhares dos homens...  
No dia 19 de abril de 2016, longos quatro meses depois resolveram tirar minha angustia e humilhação exposta ali tanto tempo, até o vento me respeitou, passou por mim com cuidado para que não me transformasse em apenas um tronco feio de madeira retorcido???

Que pena por que os homens nunca enxergam que são as arvores que lhes permitem existir??

QUE PENA... 
Localização da árvore:
 Esquina Rua Piratininga com a Av. Pedro de Toledo-José Bonifácio-SP

MELHOR VISUALISAÇÃO CLIQUE NA FOTO:










Quatro longos meses depois, no dia 19 de abril de 2016 eu já não existo mais:








31 de agosto de 2010

VERDUGOS DA NATUREZA-(Sobre o explorador Ed Stafford)- Autor Bruno Peron Loureiro

FONTE:JORNAL DE UBERABA-MG

Causa inveja o modo de vida de comunidades indígenas nos rincões do Brasil. Enquanto elas organizam-se em função de suas necessidades e costumes próprios sem a desconfiança de que os "representantes" não cumpram bem seu papel, os homens urbanos da "civilização" mergulhamos na desordem, na violência e no desrespeito ao próprio meio de sobrevivência.

Ed Stafford é um britânico de trinta e quatro anos que percorreu em caminhada e com uma mochila onerosa na costa toda a extensão do rio Amazonas. Seu objetivo precípuo: ser testemunha ocular do desmatamento e a exploração madeireira mal fiscalizada e promover a consciência ambiental dos jovens.

Num trecho da caminhada que totalizou 6.800 quilômetros, Ed e seu acompanhante peruano foram ameaçados de morte por uma comunidade indígena cujos integrantes acreditaram que aqueles quisessem roubar e traficar os órgãos das crianças da aldeia. Não são raros grupos indígenas que ainda não foram catalogados.

Qual é o preço da "civilização" que se impõe arrogantemente, mas se lamenta veementemente quando o prejuízo ambiental e social é irreversível?

A Secretaria de Meio Ambiente do estado de São Paulo, Brasil, autoriza uma cota de queimada de cana que é criminosa, covarde e danosa para qualquer cidadão que vê seus bens materiais forrados de cinzas dos canaviais e ainda respira ar impuro em plena estiagem. Dizem que a prática estará proibida em no máximo cinco anos, mas há tempos vivemos de promessas.

Enquanto não se faz nada para conter a voracidade da "civilização" (destrutiva, inconsequente e inimiga da vida) numa das regiões mais populosas do Brasil, não se queira imaginar o ritmo de degradação da Amazônia, tão bela, remota e ameaçada. Não haverá mais espécimes nem para os cientistas gringos coletarem e carregarem em seus jatos sem ter que declarar na alfândega.

O cidadão britânico começou sua viagem em 2 de abril de 2008 desde a nascente do rio no sul do Peru e terminou em 9 de agosto de 2010 na costa atlântica, próximo de Belém. Ed atravessou Peru, Colômbia e Brasil sem ter que pegar filas ou dormir nos aeroportos por atraso dos voos.

Sua experiência na mata, porém, contou com picadas de mosquitos e escorpião, ferroadas de abelhas e ainda teve leishmaniose (doença causada por parasitas e transmitida por mosquitos) no percurso. Ed viveu de pesca de piranhas, reserva de arroz e feijão, e alimentos que comprou de comunidades ribeirinhas. Outros aventureiros já enfrentaram condições mais árduas, mas não tiveram tamanha publicidade.

Na incapacidade de o governo e os cidadãos do Brasil frearem tendências destrutivas em seu próprio território, outros países patrocinam aventureiros e cientistas, documentários e reportagens, organizações sem fins lucrativos que escancaram os problemas ambientais e sociais que abundam na América Latina. Nem sempre, portanto, são intrometidos.

Assim que uma questão local transforma-se numa preocupação global, as "autoridades" vernáculas começam a interpretar as leis do jeito que qualquer cidadão de bem merece vê-las cumpridas. Por isso, a legislação geralmente é boa no Brasil; maus são seus intérpretes.

A caminhada de mais de dois anos de Ed Stafford pelo "pulmão do mundo" serve para resgatar o debate sobre o desmatamento para pecuária e exploração madeireira, a governabilidade e o cumprimento da lei ambiental, e a internacionalização da Amazônia.

O ritmo de desmatamento tem diminuído nos últimos anos graças a políticas mais sustentáveis e o aumento da consciência ambiental dos jovens. A tendência é de que os verdugos da natureza tenham cada vez menos espaço a despeito de sua adaptação a outros negócios destrutivos mas rentáveis. A monocultura para exportação é um deles.

O planeta pede novos aventureiros que descortinem irresponsabilidades da espécie humana. Encontre alguma e denuncie! Hoje nos restam poucas evidências de que ser "humano" é sinônimo de virtude, a menos que, algum dia, resgate-se o romantismo perdido.

Sonho com uma relação homem <-> natureza pela qual aquele retire desta somente o necessário para sobrevivência sem ter que, por exemplo, queimar o excedente de café que se produzia durante a crise cafeeira no Brasil. Repetem-se os capítulos nebulosos da história do capitalismo. 
Que os probos superem os desonestos! 
Lute por uma ordem mundial equilibrada! 
Você tem um papel importante a cumprir!

Bruno Peron Loureiro é bacharel em Relações Internacionais


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