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22 de outubro de 2014

MEU LIQUIDIFICADOR MATEMÁTICO

Não sou especialista em matemática e com certo sacrifício resolvo minhas necessidades com base nas quatro e simples operações, adição, subtração, multiplicação e divisão. Tanto me atrapalho com números que comprei um liquidificador matemático, o qual me ajuda muito quando fico atabalhoado com os números. É o único no mundo. Não dou, não vendo, não empresto, mesmo porque ele só concorda em trabalhar comigo. É personalista ao extremo, sistemático. Mas com todas as suas manias com as quais aprendi conviver, atende minhas necessidades.
Como você que me lê, também estou “abestado” com os números das pesquisas eleitorais para Presidente da República. Nenhum instituto se entende, revelam números que não coincidem. Pior de tudo é que estas estatísticas aguardadas com inusitado interesse por todos os eleitores e os não eleitores, não agradam ninguém. As discrepâncias são tantas que causam dúvida geral. Os institutos então são motivo de chacota nacional. Claro, quem sai na frente fica calado nas desconfiado, porque pensava que estava muito melhor aquinhoado. Disfarça contentamento. Quem fica fora do pódio, estrebucha igual frango esganado, dizendo que os números são falsos. “Manipulados” como dizem.
E o povão da galera? Bem, nós duvidamos também, porque não conhecemos ninguém da nossa turma que foi consultado para emitir opinião. Nem vizinho, ou amigo de boteco, da rua, do pagode, do futebol, ninguém foi procurado por alguém identificado como pesquisador. Mais estranho ainda é que nas rodas de conversa sem futuro, os dados mostrados nas pesquisas não refletem o que captamos no dia a dia. Como é que Dilma está na frente da pesquisa se não encontramos nenhum eleitor dela? Por que o Aécio está em segundo lugar, se aqui na fábrica, na minha casa, na esquina, no futebol, todo mundo diz que vota nele? Mistérios que ninguém consegue decifrar.
Mas.... eu tenho um liquidificador matemático e dele me socorri. Coletei todos os dados das pesquisas destes institutos feitas nas regiões do Brasil e coloquei tudo no liquidificador, com uma dose extra de ceno e coceno, hipotenusa e logarítimo, para dar um gosto especial e final. Liguei. Ele processou por vários minutos e silenciou, e eu esperando a resposta. É esqueci de contar, meu liquidificador matemático fala e foi assim que de repente disse-me: “Pegue aquelas taças e as classifique como Norte, Sul, Sudeste, Centro Oeste e Nordeste. A medida que eu for falando despeje nelas o que processei a seu pedido, exatamente nesta sequencia”.
Obediente, cumpri a ordem e assim ficou o conteúdo nas taças, seguindo a classificação conforme exposto acima:
Aécio: 44% - 61% - 59% - 63% - 32%, processo que resultou em 51,8%.
Dilma: 56% - 39% - 41% - 37% - 68%, processo que resultou em 48,2%.
“Agora – disse-me o liquidificador matemático – pegue mais uma taça, porque tem um restinho de suco aqui. E coloque nela o nome de Diferença Positiva, que receberá exatos 3.6% de tudo que você colocou para processamento”.
Mas o que é essa tal ‘Diferença Positiva?”, desejei saber, já imaginando que também viria aquela explicação hilária de “dois pontos porcentuais para cima ou dois pontos porcentuais para baixo”. Mas meu liquidificador matemático antecipou-se e explicou: “Os 3.6% é a diferença positiva para o Aécio, após o processamento de todos os números que você me apresentou. E agora, me deixe em paz, pelo menos por hoje, porque devo descansar um pouco, pois tenho certeza que amanhã vou ter que processar tudo de novo. Não vejo a hora do Domingo chegar para saber quais argumentos serão usados para justificar os tais “dois para cima ou dois para baixo”.
E o meu liquidificador matemático silenciou.
Saí sem fazer barulho, confortado porque ele não enveredou para a peroração da tal enigmática e hilária frase “dentro da margem de erro”.
Estou em paz, porque voto no Aécio e o meu liquidificador matemático deu a ele vantagem de 3.6%. Eu acho que será mais. Quem sou eu para discutir com um liquidificador matemático?



Hairton Santiago (Clique para conhecer esse autor)

Fonte Facebook 22/10/14



6 de janeiro de 2014

A PÉSSIMA LIÇÃO QUE APLAUDIMOS NAS NOVELAS

Estávamos Heloísa e eu em nossa sala ontem à noite após o lanche costumeiro, conversando sobre o que fora o dia de trabalho. Televisor ligado sem ninguém prestar atenção ao que era mostrado, Jornal Nacional chegou ao final e logo começou "Amor à Vida", cujo enredo não tem nada a ver com o título. Particularmente, penso que novelas hoje em dia são estímulo a tudo o que não deve ser feito e esta trama da TV Globo, prima pelo exagero e a inconsequência. Quem se dispuser a ser malandro em todos os sentidos, em aprender o que não deve ser colocado em prática na vida, quem procurar como agir para prejudicar o próximo, seja moralmente ou profissionalmente, tem nesta novela, um curso de pós graduação excelente. E, como bonificação, recebe instruções espetaculares sobre ações para dilacerar relações familiares, traições e tantas maledicências que, acredito, tem sido acompanhada com avidez por imensa maioria do povo brasileiro. E este ensino entra em nossos lares sem a menor cerimonia, com nossa autorização, crianças e jovens de todas as idades assistindo com ávido interesse as cenas que para mim são inadequadas, assimilando o que não presta e ávidas para colocar as tais "lições novelescas" em prática.
Acordei bem cedo hoje como em todos os dias, preparei o café, observei da minha varanda o sol surgindo, ouvi os pássaros cantando e saudando a manhã, e eu apreciando este maravilhoso espetáculo da natureza, impregnado com a beleza das flores que plantei e cuido com carinho. Após o café da manhã, debrucei-me à leitura dos e-mails e do noticiário dos jornais. Não consegui levar adiante a tarefa, porque me veio à mente as cenas do capítulo da novela que casualmente assisti. Dei-me conta então que estava com um estranho nó ocupando espaço meu estômago. Rememorando as idiotas cenas da novela, lembrei-me estarrecido de um fato acontecido no mês de Abril em Tanabi (SP), cidade aqui da nossa região, onde um pai viciado em drogas entregou a própria filha para ser a escrava sexual de um traficante muito conhecido, como pagamento pela dívida que tinha com o marginal. O absurdo maior é que essa garota tinha 5 anos de idade e o traficante .... 14 anos. Isso mesmo que vocês leram, o pai viciado em crack entregou a filha de 5 anos ao traficante que tem 14 anos, para ser violentada e assim resgatar sua dívida com a compra dos entorpecentes. A garotinha foi seviciada, abusada sexualmente por longo tempo pelo jovem bandido e como ela gritava e tentava se defender da violência, por pouco não foi estrangulada. O pai, Gleidson Pedro Martins, de 22 anos, permaneceu durante todo o tempo na frente do imóvel onde a menina foi violentada, vigiando para impedir a aproximação de qualquer pessoa.
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Adivinhe de quanto é a dívida deste pai, usuário de crack? R$ 30,00. É uma história terrível, que aconteceu na vizinha e hospitaleira cidade de Tanabi. A menina só não perdeu a vida nas mãos desse bandido adolescente, porque a mãe sentiu falta da garota que brincava no quintal e saiu para procurá-la e, ouvindo os gritos, descobriu a filha no imóvel vizinho. Esta senhora que na época estava com gravidez de quatro meses ainda viu o traficante sair do local ajeitando as roupas e rindo descaradamente. Após resgatar a filha e chamar a Polícia, a senhora foi levada com a menina para receber atendimento médico em São José do Rio Preto. Moradores ficaram sabendo do ocorrido e cercaram a casa do traficante, tentando linchá-lo, mas este foi resgatado pela Polícia Militar. O que foi uma pena, pois este monstrinho merecia um duro castigo.
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Traçando uma linha imaginária unindo o enredo de "Amor à Vida" e este fato não tão recente em Tanabi, fiquei como você, caro leitor, estarrecido e não consegui até agora esconder um sentimento de revolta. Um pai viciado em drogas, entregando a filha para pagar sua dívida com traficante de drogas não pode ser visto como fato isolado. É preciso que nos debrucemos em profunda reflexão sobre o momento em que vivemos neste nosso planeta Terra. Não me alinho entre fundamentalistas que apregoam o fim do mundo ou fim dos tempos como queiram, ou sobre a iminência de um castigo divino se abatendo sobre as pessoas. Prefiro pensar que a culpa é unicamente do ser humano, que perdeu a noção do que é certo ou errado, do que é viver em sociedade, que deixou de lado o respeito às leis, que se afastou de verdadeiros ensinamentos religiosos, que não dá mais valor à vida, que se deixou inebriar pela ganância e pela frivolidade, que não está nem aí com o sofrimento dos desvalidos pela sorte.
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Vivemos uma farsa continuada, onde o que tem valor é a roupa cara e o carro mais moderno, onde o que deve ser valorizado é o status social. O que impera é o montante da conta bancária, a joia reluzente, o penteado vistoso, o tênis importado, a camiseta com a logomarca famosa que chama a atenção. A sociedade está sendo bombardeada com propagandas enganosas, onde tudo é bonito e fácil de ser conseguido. As novelas não mostram mais enredos que falam do verdadeiro amor e não ensinam a ação solidária. Em nossos lares e em qualquer horário, permitimos a invasão de programas onde se ensina a degradação e a dissolução da estrutura da família. Os jovens e adolescentes são compelidos a conquistar tudo com facilidade. A prática do sexo é estimulada sem nenhum constrangimento ou cuidado, e desde a mais tenra idade, nossos filhos e filhas assistem livremente os programas na televisão que louvam a licenciosidade, o sexo fácil e promíscuo como se fossem coisas absolutamente normais. Pior ainda, muitos programas revelam com todas as cores e com todas as letras, que os velhos pais “estão por fora” e que os jovens filhos não devem mais aceitar o estilo de vida regrada, não lhes devem obediência alguma, pois o que vale é viver feliz e nada mais.
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Com tanto glamour à disposição, nossos jovens adolescentes ainda são informados que possuem todos os direitos do mundo e.... nenhuma obrigação. São impedidos pela legislação de trabalharem enquanto não atingirem a maioridade. Podem faltar às aulas nas escolas e não precisam se preocupar com aquilo que os professores ensinam, porque não serão reprovados no final do ano. À disposição das famílias, o Governo Federal oferece todo tipo de bolsa financeira, um desestímulo da opção pelo trabalho sério, continuado e correto. Estamos com isso, criando uma sociedade dependente das esmolas mensais do Governos Federal, Estadual e Municipal, em troca abjeta de votos a cada eleição.
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Mas voltando às novelas e ao caso desta infeliz menina de 5 anos que foi entregue ao traficante de 14 anos, pelo pai viciado em crack, para resgatar a dívida pela compra das drogas, penso que esta situação novelesca e o lamentável acontecimento em Tanabi, não podem ser encarados como coisa comum. Não bastou recolher o bandido adolescente à Fundação Casa. Nem o necessário apoio psicológico à garotinha e família, se é que tiveram esse privilégio. É preciso que a sociedade se mobilize para exigir do Governo, a mudança das leis, acabando com esta história de proteção a menores infratores, mas colocando-os na condição de sofrerem as penas da lei tão logo pratiquem seus delitos. Não podemos mais conviver com essa situação degradante. Ou mudamos agora, ou nos declaramos vencidos pelo crime organizado. E, que as emissoras de televisão adotem um manual de conduta, com observância da moral e dos bons costumes, que se debrucem para encontrar enredos que possam ensinar crianças e adolescentes. Não é preciso um censor com lápis vermelho ou um pelotão fardado e baionetas caladas para "ensinar" a mídia a fazer o certo. Basta que se adote o respeito ao ser humano - principalmente às crianças e adolescentes - extirpando os maus exemplos, para que, cedo ou tarde, estes não sejam adotados como atos normais.

FONTE BLOG HAIRTON SANTIAGO

http://hairtonsantiago.blogspot.com.br/2013/12/a-pessima-licao-que-aplaudimos-nas.html