9 de maio de 2013

O Povo Quer Justiça

João Fidélis de Campos Filho

Desconhecia o uso da palavra “recall” para se referir à substituição de produtos alimentícios, mas nesta semana ela foi muito usada no caso do escândalo do leite fraudado no Rio Grande do Sul. Geralmente recall é usado quando se refere a automóveis. No caso do leite empresas transportadoras estavam injetando formaldeído nas caixinhas para aumentar os lucros. Coisa repugnante, dentre as várias que a mídia divulga todo dia.

O desrespeito aos direitos do consumidor brasileiro é enorme e pelo que se sabe só uma pequena porcentagem realmente se torna pública porque a fiscalização em nosso país é muito deficiente. Em relação ao escândalo do leite foram distribuídos mais de 100 milhões de litros para a população sem que ninguém soubesse. Suponho que alguém que estivesse no esquema e se sentiu prejudicado tenha denunciado. A maior parte dos crimes envolvendo empresários e políticos de grosso calibre partem de denúncias (e acabam em pizza). Ao pequeno consumidor resta rezar para que não esteja sendo lesado por empresários inescrupulosos.

Esta situação talvez explique o alto índice de popularidade do deputado Celso Russomano, que quase passou para o segundo turno na eleição da prefeitura de São Paulo. O povo quer justiça, mas ela na maioria das vezes anda tão distante que qualquer ajuda vinda de alguma autoridade pode ser útil. Dias atrás vi uma imagem que reflete esta constatação. Russomano fez uma visita à Curitiba e foi recebido em praça pública por uma multidão de pessoas que ansiavam por entregar-lhe uma reinvindicação. Ele juntou um calhamaço de papeis e prometeu lutar para solucionar a maioria dos pedidos.

Num país em que os criminosos utilizam menores para blindar suas ações. E que estes menores são empurrados para a criminalidade por não poderem trabalhar ou aprender uma profissão. Em que as escolas públicas se tornaram um retrato desfigurado da grave crise por que passa a educação. E também as instituições fraquejam impotentes ante aos índices de violência, a população sente a falta de amparo do Estado às suas necessidades prementes.

Desconheço estatísticas, mas devem muitas e muitas as demandas da população em busca de reparo de seus direitos, contudo ela (a população) enfrenta tantos entraves no percurso de obter justiça que muita gente acaba desistindo. Este sistema beneficia o infrator e propaga a impunidade. Beneficia o caloteiro que paga com um cheque sem fundo. O inquilino que não cumpre as obrigações contratuais. O acidente no qual o causador foge sem pagar pelo prejuízo, e assim por diante.

Resguardar os direitos de cidadão custa muito trabalho, horas perdidas nos tribunais e poucas perspectivas de obtê-los em médio prazo. As varas estão abarrotadas de processos esperando solução e a cada dia o número aumenta um pouco mais.

João Fidélis de Campos Filho-Cirurgião-Dentista

jofideli@gmail.com



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