O verão de 1952 foi o verão em que os pais desaprenderam a respirar.
Naquele ano, cerca de 57 mil crianças americanas contraíram poliomielite.Os parques silenciaram.
As piscinas esvaziaram.
Os cinemas apagaram suas luzes por falta de público.
Dentro de casa, janelas fechadas, mães e pais tentavam erguer muralhas invisíveis contra um inimigo que chegava sem avisar — e que podia transformar um corpo infantil em um campo de batalha contra si mesmo.
Nos hospitais, fileiras de pulmões de aço compunham uma música mecânica e assombrosa.
Cilindros metálicos respiravam por crianças que já não conseguiam fazê-lo por conta própria.
Algumas sairiam dali.
Outras jamais deixariam aquela cápsula.
E enquanto o país inteiro prendia o fôlego, em um laboratório subterrâneo em Pittsburgh, Jonas Salk corria contra o tempo — e contra a morte.
Filho de imigrantes judeus russos, criado em um bairro modesto do Bronx, Salk cresceu ouvindo da mãe uma frase que moldaria sua vida:
“Você deve parecer que pertence, mesmo quando disserem que não.”
Ele foi o primeiro da família a entrar na universidade. Escolheu a ciência em vez da clínica.
“Por quê?”, perguntou a mãe.
“Porque não quero ajudar um paciente de cada vez”, respondeu.
“Quero ajudar milhões.”
Em 1952, Salk ousou propor o impossível: uma vacina feita com o vírus morto.
Colegas desconfiavam. Alguns o chamavam de imprudente.
Mas Salk havia percebido um detalhe decisivo:
as crianças que sobreviveram à pólio jamais adoeciam de novo.
O corpo se lembrava do inimigo.
Se pudesse ensinar essa memória ao sistema imunológico — sem o risco da doença — talvez pudesse mudar o mundo.
A teoria precisava de coragem.
E coragem, às vezes, veste o rosto da loucura.
Em 2 de julho de 1953, Salk tomou uma decisão que hoje seria impensável:
injetou a si mesmo com sua vacina experimental.
Depois, à esposa, Donna.
Depois, aos filhos — Peter, de 9 anos; Darrell, de 6; Jonathan, de 3.
Colegas murmuravam pelos corredores:
“Louco.”
“Gênio.”
“Ou os dois.”
Por semanas, ele observou seus filhos com o coração apertado.
Nenhuma febre. Nenhum sinal.
Apenas anticorpos.
Funcionara.
Mas três crianças eram uma gota num oceano.
Era preciso testar milhares.
E assim, em 26 de abril de 1954, na Escola Franklin Sherman, Virgínia, o pequeno Randy Kerr, 6 anos, arregaçou a manga e se tornou o primeiro voluntário do maior estudo médico da história.
Depois dele, vieram 1,8 milhão de crianças — os “Polio Pioneers”, orgulhosos de seus distintivos.
Os pais assinavam formulários com mãos trêmulas. Igrejas faziam vigílias.
Um país inteiro esperava.
injetou a si mesmo com sua vacina experimental.
Depois, à esposa, Donna.
Depois, aos filhos — Peter, de 9 anos; Darrell, de 6; Jonathan, de 3.
Colegas murmuravam pelos corredores:
“Louco.”
“Gênio.”
“Ou os dois.”
Por semanas, ele observou seus filhos com o coração apertado.
Nenhuma febre. Nenhum sinal.
Apenas anticorpos.
Funcionara.
Mas três crianças eram uma gota num oceano.
Era preciso testar milhares.
E assim, em 26 de abril de 1954, na Escola Franklin Sherman, Virgínia, o pequeno Randy Kerr, 6 anos, arregaçou a manga e se tornou o primeiro voluntário do maior estudo médico da história.
Depois dele, vieram 1,8 milhão de crianças — os “Polio Pioneers”, orgulhosos de seus distintivos.
Os pais assinavam formulários com mãos trêmulas. Igrejas faziam vigílias.
Um país inteiro esperava.
Salk, exausto, emagrecido, dormindo pouco, vivia atormentado:
E se tivesse cometido um erro irreparável?
Cada febre em qualquer criança do estudo parecia um golpe na sua consciência.
Então, 12 de abril de 1955 — exatamente dez anos após a morte de Franklin D. Roosevelt — os resultados foram anunciados:
“Seguro. Eficaz. Potente.”
O auditório explodiu.
Sinos tocaram em várias cidades.
Lojas fecharam espontaneamente.
Pais choraram abraçados aos filhos.
Horas depois, perguntaram a Salk quem detinha a patente.
Ele respondeu:
“O povo, eu diria. Sem patente. Como se pode patentear o sol?”
E com essa frase, ele abriu mão de uma fortuna incalculável — e entregou ao mundo sua arma contra o terror.
O efeito foi imediato:
– Em 1961, os casos caíram mais de 90%.
– Em 1979, a poliomielite foi eliminada nos EUA.
– Em 2023, persistia apenas em dois países.
– Cerca de 18 milhões de pessoas que teriam ficado paralisadas podem caminhar hoje.
– Centenas de milhares de vidas foram salvas.
“Seguro. Eficaz. Potente.”
O auditório explodiu.
Sinos tocaram em várias cidades.
Lojas fecharam espontaneamente.
Pais choraram abraçados aos filhos.
Horas depois, perguntaram a Salk quem detinha a patente.
Ele respondeu:
“O povo, eu diria. Sem patente. Como se pode patentear o sol?”
E com essa frase, ele abriu mão de uma fortuna incalculável — e entregou ao mundo sua arma contra o terror.
O efeito foi imediato:
– Em 1961, os casos caíram mais de 90%.
– Em 1979, a poliomielite foi eliminada nos EUA.
– Em 2023, persistia apenas em dois países.
– Cerca de 18 milhões de pessoas que teriam ficado paralisadas podem caminhar hoje.
– Centenas de milhares de vidas foram salvas.
Salk nunca recebeu o Prêmio Nobel.
Mas recebeu algo que poucos ganham:
a visão de crianças correndo por parques onde antes só havia medo.
Quando perguntado o que queria escrito em sua lápide, respondeu:
“Preferia que ela ficasse em um parque. Onde brincam as crianças que não pegaram poliomielite. Isso é suficiente.”
E assim, em um depósito em Atlanta, repousa hoje um dos últimos pulmões de aço — relíquia de um inimigo vencido.
Vencido porque um homem decidiu arriscar tudo — até a própria família — para proteger milhões de outras.
Ele poderia ter sido o cientista mais rico da história.
Preferiu ser algo infinitamente mais raro:
indispensável.
Da próxima vez que alguém disser que uma única pessoa não muda o mundo, conte sobre o verão de 1952, quando o medo encheu o ar…
e sobre Jonas Salk, o homem que decidiu dar o sol à humanidade.
Mas recebeu algo que poucos ganham:
a visão de crianças correndo por parques onde antes só havia medo.
Quando perguntado o que queria escrito em sua lápide, respondeu:
“Preferia que ela ficasse em um parque. Onde brincam as crianças que não pegaram poliomielite. Isso é suficiente.”
E assim, em um depósito em Atlanta, repousa hoje um dos últimos pulmões de aço — relíquia de um inimigo vencido.
Vencido porque um homem decidiu arriscar tudo — até a própria família — para proteger milhões de outras.
Ele poderia ter sido o cientista mais rico da história.
Preferiu ser algo infinitamente mais raro:
indispensável.
Da próxima vez que alguém disser que uma única pessoa não muda o mundo, conte sobre o verão de 1952, quando o medo encheu o ar…
e sobre Jonas Salk, o homem que decidiu dar o sol à humanidade.
Fonte: Estudos Históricos
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