23 de fevereiro de 2020

INSS AINDA ESTAMOS AQUI: Desabafo de um vitimado pela poliomielite.

É uma luta desigual, por mais que publicamos a existência da Síndrome Pós Pólio só observamos a indiferença desde as pessoas mais próximas como familiares, amigos e por fim as autoridades médicas e sanitárias.

Eu fui infectado pelo vírus da pólio aos 15 meses de vida, fiquei com uma perna e pé deformado, era o aleijadinho da escola e sofria com isso.

Hoje adulto sou respeitado, mas sempre sinto e vejo olhares disfarçados quando caminho agora com ajuda de uma bengala. Sofri preconceito na adolescência, pois muitas vezes fui renegado pelos jovens da mesma idade. Namoro? Quem queria namorar com um aleijado? Tinham pena, apenas isso.

Mas nunca perdi a esperança e fui caminhando... Lutas perdidas, lutas ganhas. Até que num certo dia, com certeza marcado por Deus encontrei meu par, minha namorada, meu amor, minha esposa que até hoje nunca olhou para mim como um deficiente ou aleijado: Fia Do Amaral Ribeiro
Me sinto realizado com meu casal de filhos e minhas netas. Formamos uma família linda edificada pelas dificuldades e por causa disso resistente a tudo.

Já com 64 anos de vida luto pela aposentadoria, porque tenho direito pelos anos trabalhados com registro em carteira ou não. A idade pesa para todos, mas para nós com algum tipo de deficiência pesa mais.

Ganhei na Justiça na primeira estância, mas o INSS recorreu para segunda estância. Eles não me conhecem, nunca me viram, não sabem que sou, mas sou um brasileiro que sempre contribuiu para o país. Com 33 anos de contribuições para o INSS já chegando aos 34 anos, luto com base na Lei complementar 142 que concede as pessoas com deficiência o direito a aposentadoria com menos de tempo de trabalho. 

No meu caso como deficiente moderado, grave, reconhecido por um perito judicial teria o direito de me aposentar aos 29 anos de contribuição, portando já com 33 anos de contribuição não compreendo o porque da recusa do INSS a esse meu direito constitucional... 

Brasil respeite sua constituição e os seus cidadãos...

ATUALIZANDO ATÉ A DATA DE HOJE 19/12/2022- A minha aposentadora ainda não foi concluída. Estou sobrevivendo com a "Antecipação de Tutela" que a justiça obriga o INSS a pagar até a conclusão do processo judicial.