30 de maio de 2010

O que queremos para nossa agricultura

João Pedro Stedile *

Adital -

As transformações do mundo nas últimas décadas fizeram com que o centro de acumulação do capital fosse para a esfera financeira e para as corporações transnacionais. Isso trouxe graves consequências e promoveu um enfrentamento crescente entre dois modelos de produção na agricultura.

O modelo dos capitalistas é uma aliança entre grandes proprietários de terras, empresas transnacionais e sistema financeiro. As empresas fornecem insumos, compram os produtos, controlam o mercado e fixam preços dos produtos agrícolas.

Os grandes proprietários (cerca de apenas 40 mil, que possuem mais de mil hectares) entram com a terra, destruindo a biodiversidade e superexplorando os trabalhadores, para repartir a taxa de lucro da agricultura das empresas.
Esse modelo foi autodenominado de agronegócio. Adota a monocultura, para ampliar a escala de produção, com o uso intensivo de venenos e maquinaria pesada.

Essa matriz tecnológica provoca um desequilíbrio climático e ambiental para obter lucros e fazer negócios a quaisquer custos.

O próprio sindicato das empresas de defensivos agrícolas anunciou exultante que, na safra passada, utilizou 1 bilhão de litros de agrotóxicos (cinco litros por habitante). Somos o maior consumidor mundial de venenos.

Isso degrada o solo, afeta o lençol freático, contamina até as chuvas, além dos alimentos.

A Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) e o Instituto Nacional do Câncer têm alertado que o aumento de câncer está ligado ao crescente uso de agrotóxicos.

Os ricos e a classe média alta compram produtos orgânicos, mais caros. No entanto, o povo está à mercê dos produtos contaminados.

O agronegócio ainda aumenta a concentração da terra e da produção, pela necessidade de ganhar escala no plantio. O Censo de 2006 aponta que a concentração da terra é maior do que na década de 1920.

Estamos fazendo o caminho inverso ao da reforma agrária. Cerca de 80% das nossas melhores terras são usadas para produzir para exportação três produtos: soja, milho e cana. Além disso, o agronegócio é cada vez mais dependente do financiamento público.

Para produzir um valor anual de R$ 120 bilhões, esse modelo retira crédito nos bancos públicos (da poupança recolhida nos depósitos à vista), ao redor de R$ 90 bilhões.

Ou seja, é a população brasileira que financia o agronegócio, ao contrário da propaganda mentirosa que só exalta seus "benefícios".

Os movimentos sociais, junto com ambientalistas, igrejas e cientistas, temos alertado sobre esses problemas. Propomos outro modelo de agricultura, que priorize a produção diversificada, máquinas agrícolas adequadas a pequenas unidades, agroindústrias cooperativadas e técnicas agroecológicas.

Em vez de priorizar o lucro de grandes empresas e fazendeiros, temos que respeitar o equilíbrio do ambiente, produzir alimentos sadios, fortalecer o mercado interno, aproximando produtores e consumidores. Nossa proposta de reforma agrária popular é a adoção desse modelo, e não apenas distribuir lotes para os sem-terra.

O que está em jogo é a organização da agricultura brasileira.

O povo não tem dinheiro para financiar candidatos, mas o agronegócio anunciou a aplicação de R$ 800 milhões para eleger candidatos. Mas temos o voto e poder de mobilização. É preciso, nesse período eleitoral, cobrar dos candidatos posições claras. Os nossos recursos naturais devem ser utilizados em benefício do povo brasileiro.

A sociedade brasileira, cedo ou tarde, deverá decidir se o país continuará produzindo alimentos com venenos, porque dão lucros, ou se dará prioridade a alimentos saudáveis e à preservação ambiental.

[FSP, 28 maio 2010].

Economista. Integrante da coordenação nacional do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra) e da Via Campesina Brasil

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15 de maio de 2010

Erupções vulcânicas na cidade de José Bonifácio-SP?



Clique na foto ver tamanho original. 


“As erupções no vulcão localizado sob a geleira Eyjafjallajoekull, na Islândia, causaram transtornos em toda a Europa, a fumaça expelida pelo vulcão impediu o tráfego aéreo em diversos países europeus, afetando as conexões no mundo todo....”

Mas essas fumaças das fotos embora pareçam com erupções vulcânicas se originam nas queimadas nos gigantescos canaviais no município de José Bonifácio-SP.

A polemica das queimadas nos canaviais é alicerçada nas bases econômicas predatórias de um lado, de outro nas poluições desumanas que sujam as cidades, fazem mal a saúde das pessoas, alem do assassinato de milhares de seres vivos entre insetos e animais silvestres de todos os tamanhos.

Além disso surgem casos de maltrato a trabalhadores no corte de cana (Faltam-lhes roupas de proteção e ferramentas adequadas), alguns casos o da escravidão explicita, ou mascarada nos baixos salários.

É uma balança difícil de encontrar o equilíbrio, precisamente porque nossos políticos e empresários priorizam os lucros. Lucros que poderemos classificar como um bumerangue: que levanta voo, mas a descida é sempre uma incógnita.


Por do Sol em José Bonifacio


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Lindo por do Sol na cidade de José Bonifácio-SP.  Poderemos ver  no horizonte gases que se formaram na atmosfera originados das queimadas nos canaviais naquela cidade.

11 de maio de 2010

CIDADEJOSÉ BONIFÁCIO-SP, SITIADA PELAS QUEIMADAS NOS CANAVIAIS.






A população de José Bonifácio, Estado de São Paulo, é humilhada pelas queimadas nos canaviais. Vê atônita todas às tardes no seu horizonte verdadeiros cogumelos de fumaça subindo para atmosfera. Trazendo prejuízos ao ar, meio ambiente, fauna e flora. Milhares de seres vivos: insetos, animais silvestres, pássaros são incinerados. As fuligens e materiais particulados que são facilmente inalados para os pulmões bombardeiam a cidade. Crianças, idosos, alérgicos, asmáticos sofrem com isso, as autoridades de saúde culpam as mudanças do tempo, jogando sobre as verdadeiras causas dessas doenças uma cortina que eu poderia dizer de fumaça, mas não ficaria bem. 

 Mas uma cortina negra da indignação.

4 de maio de 2010

SAFRA DA CANA: Recomeça o tormento das queimadas nos canaviais.

Clique nas fotos para ver a imagem original. 















Fotos denunciando as queimadas nos canaviais próximos à cidade de José Bonifácio-SP.


Vejam a poluição que essa pratica causa na atmosfera, com graves conseqüências a saúde dos habitantes próximos.


Um crime ambiental permitido pelas autoridades locais e do Estado (Executivo, legislativo e Judiciário). Não seria uma violação aos direitos humanos? Um ataque à natureza, as espécies animais e vegetais, ao solo, biomas locais, promoção do desequilíbrio climático alterando os ciclos de chuva e contribuindo para o aquecimento global?



O Art. 225 Constituição do Brasil, VI (Meio ambiente). VII - proteger a fauna e a flora, vedadas, na forma da lei, as práticas que coloquem em risco sua função ecológica, provoquem a extinção de espécies ou submetam os animais a crueldade.


Viola a internacional LEI DO PRINCIPIO DA PRECAUÇÃO.



Viola a Lei de Crimes Ambientais ou Lei da Natureza - Lei nº 9.605/98



>Veja os gases que se formam na atmosfera depois da queima da palha de cana.





3 de maio de 2010

Densa e escura camada de fumaça encobre Arcos

Queimadas na região Centro-oeste de Minas Gerais, mais precisamente nos canaviais de cidades vizinhas a Arcos trouxeram uma densa camada de nuvens e fumaça para o céu do município. Por volta das 11h30 da manhã dessa terça-feira (27 de abril), a fumaça desceu e encobriu a cidade. Sol ficou com um aspecto de eclipse.



A região Norte de Arcos ficou encoberta durante boa parte da manhã. De acordo com a Assessoria de Comunicação da Prefeitura de Arcos, a fumaça prejudica o município e por isso cabe uma declaração oficial por parte daqueles que provocam a queimada. "Infelizmente o vento traz a fumaça para Arcos e isso nos atinge diretamente. Hoje quando vi o céu parecia que estava acontecendo um eclipse", comentou o assessor Márcio Ferreira.



Em agosto de 2008, o município de Arcos também foi atingido por Fuligem e fumaça, reflexo da queima no canavial em Lagoa da Prata. Na época uma grande fumaça negra podia ser vista sobre a cidade, vinda do município vizinho.

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