13 de janeiro de 2022

Incluir o Unicef em seu testamento é simples | UNICEF Brasil

  

 
A doutora cardiologista Maria Regina conta como foi a decisão de fazer um testamento em favor das milhares de crianças que mais precisam. Doadora do UNICEF há mais de 20 anos, decidiu que quer continuar ajudando as crianças mais vulneráveis no futuro. Graças a esse gesto, seu legado irá proporcionar às crianças mais educação, proteção e nutrição. Assista a essa história comovente e se quiser fazer parte do Programa de Testamento Solidário UNICEF, escreva para futurocrianca@unicef.org ou ligue para 0800-605-2020 Doe sem sair de casa: https://bit.ly/3d9JUyd Inscreva-se no canal do UNICEF aqui: http://bit.ly/2T8TrOE O canal oficial do UNICEF BRASIL é a sua principal fonte para a atuação direta do UNICEF no Brasil, documentários, apoio de celebridades e mais sobre o nosso trabalho em defesa dos diretos de cada criança por todo o mundo. Para saber mais sobre o trabalho do UNICEF BRASIL, acesse: https://www.unicef.org/brazil/ Siga o UNICEF BRASIL: Facebook: https://www.facebook.com/UNICEFBrasil/ Twitter: https://twitter.com/unicefbrasil Instagram: https://www.instagram.com/unicefbrasil/ Linkedin: https://www.linkedin.com/company/unic...


SÍNDROME PÓS-PÓLIO ATINGE 75% DOS BRASILEIROS QUE TIVERAM PARALISIA INFANTIL

MATÉRIA DE DR. DRAUZIO VARELA EM 20/04/2011

SÍNDROME PÓS-PÓLIO ATINGE 75% DOS BRASILEIROS QUE TIVERAM PARALISIA INFANTIL
Luiz Fujita Jr
Quando tinha 46 anos, a servidora pública aposentada do Tribunal de Justiça de Brasília, Eliana de Aquino, foi ao supermercado, como de costume, e levou um susto: simplesmente não conseguia empurrar o carrinho. “Eu sentia um cansaço estranhíssimo. E para nós, que tivemos pólio, o cansaço não existe, fomos treinados para superá-lo”.
Eliana contraiu poliomielite, doença também conhecida como paralisia infantil, quando tinha um ano e três meses de idade, e perdeu a mobilidade da perna esquerda.
Como o tratamento convencional previa, ela foi incentivada a exercitar-se. “Foi dito que eu devia fazer exercício a vida toda. Eu andava 2.500 metros todo dia, fazia pilates…”.
No entanto, todo esse esforço foi responsável por, 45 anos depois, Eliana desenvolver a Síndrome Pós-pólio (SPP).
Mecanismo compensatório
Em 90% dos casos, o vírus da poliomielite é destruído pelo sistema imunológico sem causar sintomas. Uma pequena parte dos infectados manifesta apenas sinais comuns a várias doenças, como febre, vômito e dor de cabeça. 
Somente 1% deles desenvolve sintomas do sorotipo 1 do vírus, que ataca o sistema nervoso e destrói neurônios motores, causando paralisia flácida. Quando os músculos afetados são o cardíaco ou os músculos da respiração, a doença pode ser letal.

Para suprir a falta dos neurônios que morreram, os neurônios adjacentes criam novos “braços” para inervar os músculos que ficaram órfãos. “Com o passar dos anos, esse esforço contínuo afeta as inervações que o paciente havia ganho com o brotamento dos neurônios. Ele era um indivíduo adaptado à sua fraqueza, mas exigiu demais desse mecanismo compensatório”, explica o Dr. Acary Bulle, neurologista responsável pelo Setor de Doenças Neuromusculares da UNIFESP.

Os principais sintomas da síndrome pós-pólio surgem de repente e são semelhantes aos da fase aguda da poliomielite: fraqueza e dor muscular, fadiga excessiva, dores nas articulações, intolerância ao frio e dores de cabeça. Em geral, o que surge primeiro é a fraqueza. “Eu digitava rápido no trabalho, e comecei a ficar tão exausta que não conseguia continuar. Não tinha mais sustentação no corpo”, afirma Eliana.
Conscientização
Eliana de Aquino vivenciou a incompreensão que aflige muitos dos portadores da SPP. Por se tratar de uma doença pouco conhecida, familiares e amigos acham que o paciente está exagerando ou fazendo manha. “É um drama que se começa a reviver. Falam que é corpo mole, a família não apoia. Na época, queriam até me fazer correr”.
A conscientização sobre a doença é fundamental para evitar os problemas graves decorrentes da SPP. Se antes Eliana tinha uma perna sem mobilidade, após desenvolver a síndrome teve de mudar-se para uma casa adaptada, já que não consegue ficar em
pé.
Teve, ainda, que abrir mão do emprego por não conseguir manter o corpo firme, ereto, e usa medicamentos caros e fortes para aliviar as dores. “Perdi tudo, mas em compensação ganhei uma causa nobre, à qual me dedico de corpo e alma para ser um agente de colaboração”.
Juntamente com o Dr. Acary e a Associação Brasileira, de SPP, Eliana foi uma das responsáveis pela inclusão da doença na CID, a Classificação Internacional de Doenças, em setembro de 2009. Até então, os portadores da síndrome pós-pólio tinham de batalhar em longos processos para obter auxílio-doença, já que o INSS não reconhecia a existência da enfermidade.
Não há dados oficiais sobre o número de pessoas que sofrem da síndrome no Brasil, mas estima-se que ela atinja 75% dos que tiveram poliomielite paralítica na infância.
A principal recomendação para essas pessoas, apresentem ou não os sintomas da SPP, é evitar todo esforço desnecessário. “Use bem o músculo, para não atrofiá-lo, mas também não o desgaste. Culturalmente, é difícil convencer uma pessoa a usar cadeira de rodas se ela consegue caminhar, mas o paciente não deve exasperar-se, caso tenha de usá-la em algumas ocasiões. É necessário evitar o uso contínuo de escadas e as caminhadas de grandes distâncias, por exemplo”, afirma o Dr. Acary.
Publicado em 20/04/2011